Minha Crítica ao Madeiro
Madero: uma insípida, inodora e incolor dissertação sobre a mediocridade culinária.
Madero: uma insípida, inodora e incolor dissertação sobre a mediocridade culinária.
O que pensar de um lugar que se intitula “o melhor”? Qualquer “melhor” que se preze jamais se autoproclamaria assim. A simples ideia já soa como um devaneio egocêntrico, quase como uma ilusão compartilhada que paira sobre os ingênuos.
Ao observar as imagens, a decepção ulula: o pão, pálido como um rosto desprovido de vitalidade, parece implorar por uma intervenção farmacêutica, algo que o resgate da melancolia que emana. Cru e branquelo: no Madero, quem parece mugir é o pão, como se tivesse acabado de sair de um forno com temperatura hesitantemente baixa. Amassado e quase desmoronando sob o peso de sua própria mediocridade, com crosta cascuda e craquelada que não serve senão para destruir a textura da carne.
Já a “carne” (se assim podemos chamar) é um equívoco de nascença: o blend tem pouquíssima gordura, o que o torna seco a ponto de dar sede. Tão carente de qualquer traço de vida ou sabor que precisa ser defumado de forma artificial - aparentemente com a extravagante fumaça líquida. Uma clara tentativa frustrada de mascarar a ausência de qualquer estímulo sensorial com uma pancada de pretensão aromática bufona e amaneirada. Na execução, mais um erro imperdoável: o ponto não está apenas no pretérito mais-que-perfeito como a superfície é queimada e amarga. É quase como se a carne tivesse sido assombrada por um fantasma de si mesma: um susto da defumação queimada que espanta, evidenciando o nada e deixando apenas um eco distante do que poderia ter sido. A salada, supostamente presente para trazer algum frescor, é tímida ao ponto de ser inexistente, assim como o queijo. Talvez tenham se escondido por vergonha de participar dessa composição desastrosa.
O que o Madero nos serve é um estudo sobre a ausência: ausência de sabor, de alma, de qualquer coisa que possa justificar a audácia de chamar de “melhor do mundo”. É uma experiência que tudo destrói. Se isso é o que chamam de “o melhor”, então o que resta para os demais? Em um universo onde essa é a excelência, talvez o medíocre tenha encontrado sua nova definição.
Avaliação: muito ruim.