Minha Crítica ao Ostradamus
Há uma mania meio pueril em Floripa de fazer trocadilhos com “ostra”. “Ostradamus”, “ostravagante”, “umas e ostras” (sugeriria “ostracismo”, mas acho que não pegaria bem). O ambiente do Ostradamus é exagerado pelo viés meio náutico, meio pirata. O cardápio imitando um mapa do tesouro degradado é demais para mim.
Há uma mania meio pueril em Floripa de fazer trocadilhos com “ostra”. “Ostradamus”, “ostravagante”, “umas e ostras” (sugeriria “ostracismo”, mas acho que não pegaria bem). O ambiente do Ostradamus é exagerado pelo viés meio náutico, meio pirata. O cardápio imitando um mapa do tesouro degradado é demais para mim.
As ostras são bem depuradas, frescas, marinhas e leves. Têm leve aroma de alga, que revela um umami característico. Só lamento que ofereçam coberturas tão pavorosas: gratinada em molho branco e queijo cheddar, gorgonzola e pêra, grana padano, catupiry e muçarela. Pra quê? Pra agradar ao público que odeia ostras? Claro que esse tipo de cobertura mata completamente a simplicidade marinha das ostras. Talvez sirva para uma criança em fase de introdução alimentar, que precisa de associar elementos conhecidos para aceitar os “estranhos”. Um pouco como colocar cream cheese no sushi. Peço as in natura e fico feliz com a boa qualidade produto. Quando coloco limão, acho ótimo. Já o azeite é deprimente: é puro defeito. Rançoso, fermentado, velho.
Outros pratos, que exigem mais intervenção técnica, simplesmente não são bons. E o que temos aqui? Um pastel que já chega abatido, sem cor, sem vida. O camarão, um dos ingredientes mais potentes do mar em termos de sabor, aqui surge mirrado, sem brilho. Nada — absolutamente nada — é estimulante. O conjunto é massudo e o recheio é sonolento. O molho “tártaro” nada tem de “tart” (ácido). É apenas doce.
De principal, pedi o peixe, camarão e Lula com purê de mandioquinha. A combinação não me empolgou, mas considerei o prato menos estapafúrdio do cardápio. Camarão espetado no palito? Um gesto confuso esteticamente falando. Dá altura ao prato, mas evoca certa morbidez pouco apetitosa.
O peixe e o camarão estão no limite superior do ponto. Meio minuto a mais, esfarelariam. Não estão úmidos e não expressam o frescor marinho que deveriam. Ao contrário, o peixe tem um leve “fishy” pouco agradável no aroma. A Lula é muito borrachuda e o purê é flat e chicletoso. Nada conversa neste prato.
Avaliação: pelas ostras, vale. O resto é por sua conta e risco. E o risco é alto: os preços são elevados para a média da cidade.